sábado, 6 de fevereiro de 2010

Paisagem, analisando as definições de Bueno Conti

O autor José Bueno Conti em sua obra Resgatando a Fisiologia da Paisagem exalta a geografia como sendo do domínio das ciências humanas e das ciências da natureza, isto porque além do objeto de estudo da geografia que é o espaço, tem que se considerar as transformações ocorridas nesse espaço, estudos inseparáveis, missão essa dos geógrafos, geólogos, biólogos, entre outros, contribuindo com estudos que cada vez mais relaciona o homem à natureza e a natureza ao homem sem prejuízo de uma das partes.

A respeito dessa idéia, o autor levanta o trabalho feito pelo Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo, em 1968, no qual a partir dos trabalhos do Professor Aziz Nacib Ab´Sáber implantou-se a disciplina de Fisiologia da Paisagem, com a intenção de se estudar inicialmente os fatores climáticos pouco ocorrentes e a ação humana, essa, considerada uma grande modificadora da paisagem de um determinado espaço.

Posteriormente, em 1988, a disciplina seria alterada para Teoria Geográfica da Paisagem. A mudança não acarretou grandes transformações, basicamente em um primeiro momento, a implantação da Fisiologia da Paisagem objetivava a compreensão da paisagem, principalmente em ambientes tropicais, o estudo dos elementos constituintes dessa paisagem e discussões das ações humanas interferentes da mesma. Com a substituição da disciplina, permanecem discussões sobre a paisagem, as integrações da ordem física e biológica mais pontos sócio-culturais, permaneceria ainda as discussões sobre ações antrópicas, mas o diferencial seria a questão da degradação ambiental na paisagem, até então um objetivo pouco questionado em Fisiologia da Paisagem.

Pensando na compreensão dos ambientes tropicais, objetivo de estudo da Fisiologia da Paisagem uspiana, e na distribuição energética de acordo com as latitudes, muito presente nos pensamentos gregos antigos, por tanto anteriores à geografia, José Bueno Conti aborda a importância dos estudos das relações humanas mais natureza nas zonas intertropicais, especificamente nas baixas latitudes, isto porque 40% da população mundial oculpa essas terras expostas a cinco vezes mais raios solares e recebendo três vezes mais calor latente concentrado sobre os oceanos em comparação às altas latitudes, acima dos 60°.

O autor aponta ainda, a territorialidade do Brasil nessa faixa intertropical, 93%, onde favorecido pela natureza, enfrenta a exploração da mesma, então ocorrendo problemas de desmatamentos, voçorocas e perda de solos que geram desequilíbrios e mudanças na paisagem. Exemplifica as Serras do Mar e da Mantiqueira onde o índice pluviométrico em torno de 1200 mm/ano ocasiona uma desorganização econômica e social gerada pelo deslizamento de terra nas vertentes, expondo as interferências que o clima e o homem causam na paisagem de um determinado espaço.

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