segunda-feira, 12 de abril de 2010

A geografia serve, antes de mais nada, para fazer a guerra?

A geografia como forma de dominação, segundo Ratzel e Lacoste

Na concepção de Yves Lacoste, sim, ela serve, isso porque em sua visão os saberes geográficos são enciclopedistas, ou seja, um conjunto de "decorebas" pregados pela geografia escolar e que são diferentes da geografia que postulou como geografia fundamental, uma geografia pautada no conhecimento cartográfico do universo, uma geografia anterior e que hoje está fragmentada pela possibilidade do ensino da cartografia, ao qual essa mesma geografia escolar possui pouco conhecimento.

Os geopolíticos usaram os saberes geográficos de outros Estados para pensar estratégias de dominação de territórios em virtude da captação de espaços e também de recursos em uma época onde se pregava a competição e a europeização do mundo, e não a toa o mundo viveu duas grandes guerras que devastaram a Europa e posteriormente colocariam o mundo sob uma ordem bipolar trazendo a liderança norte-americana e soviética e dividindo a Europa entre as economias capitalistas e socialistas.

Friedrich Ratzel já pregava a existência de um Estado apenas se houvesse território passível de trabalho. Um território com muitos recursos e pouca população estaria fadado a ser dominado por Estados maiores e mais potentes, dotados de alguma técnica possível, e em busca de maiores recursos ou simplesmente de espaço como descreveu na equação do espaço vital. Assim como Lacoste enxergou um dia, os saberes geográficos alheios eram uma forma de dominação de território, e embora não usasse essa expressão, muitos consideram seus trabalhos sobre território como um manual de guerra em vistas da dominação, e que um dia foi seguido por Adolf Hitler, entre outros ditadores.

Posterior a Ratzel, Lacoste concorda que se a geografia é para ser usada como forma enciclopédica como é pregada pela geografia escolar, antes de mais ela serve para fazer a guerra, para que os geopolíticos usem os saberes conhecidos dentro da geografia política para dominar territórios alheios, seja em busca de recursos, seja em busca da ampliação de seus espaços, como um dia Hitler fez a grande nação alemã pensar em seu pequeno território.

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